Pelo Espírito: Messias Trindade

No vale da sombra da morte, um breve relato de um exilado.
Antes de tudo quero dar graças a Deus, pela oportunidade da palavra, pois, de alguma maneira posso ajudar e, assim deixar, por um tempo, a ignominia do esquecimento.
Sou um filho, entre sete, de uma família abastada, que fincou seus pés no litoral da Bahia.
Desde jovem as oportunidades me eram numerosas, nada me faltava, nem amor, nem nada, uma vez que nossa mãe era de incomparável desprendimento e zelo pelos seus filhos.
Fu estudar na Capital e, para atender a vontade meu pai, me tornei um médico.
Um orgulho para pai e mãe, sempre dedicado e disposto ao trabalho.
Voltei ao remanso donde nasci e lá comecei clinicar, casei-me tive cinco filhos, tudo me sempre foi favorável.
Era senhor do meu destino, em minhas mãos estavam firme as rédeas de meus caminhos.
Ledo engano!
O orgulho tomou conta do meu ser, me entendia como um ser superior, confiei na minha destacada inteligência e desprezei, por isso, meus semelhantes.
Nunca me faltou nada, minha vida foi banhada nos louros da fartura, e aí foi meu pecado.
Não obstante todos os meios necessários que me foram destinados, esqueci do compromisso assumido em épocas passadas.
Convites não me faltaram, oportunidades de colaborar com os desprovidos bateram em minha porta, por diversas vezes.
Minha resposta: agora não, não tenho tempo, outro dia, a verdade é que aquilo tudo não tocava meu coração.
Confesso que entre amigos médicos, colocava em dúvida a existência de Deus.
Enfim, não fui um homem mau, pelo contrário, bom pai e marido, cumpridor de minhas obrigações para com a sociedade, menos com Deus.
Quando faleci, ainda jovem no meu entender, a desordem tomou conta da minha cabeça, angústia e confusão assenhoram-se do meu ser.
Não sei quanto tempo depois fui amparado por um senhor, que depois vim descobrir que era meu avô.
Pouco pode por mim fazer, mas não foi culpa dele, mas minha.
E largado nesse vale fiquei, sede, fome, cansaço e esquecimento foram as pagas por não ter eu, honrado o compromisso assumido com Deus.
Meus companheiros são a loucura e a perversidade de meus algozes, não lembrando de quem fui e do que me tornei hoje.
Meu avô se foi e aqui permaneci, livre por conta de minha própria sorte.
Mas Deus não esquece de seus filhos ingratos, depois desses longos e amargurados anos, uma luz brilha em minha ignóbil vida.
Acompanhado de meu avô, um senhor de barba branca me propôs um novo recomeço, um trabalho por assim dizer.
E um dos compromissos assumidos era aqui vir para, em breves palavras, deixar um relato de minha vida que, no meu entender, era um sucesso, mas na realidade foi um verdadeiro fracasso.
Se posso lhes passar algo, é que não façam como eu fiz. Trabalhem não só na vida profissional, mas na alma e o que puder fazer para ajudar o seu próximo façam! Não percam as oportunidades que lhes aparecerem.
Não sabia que isso era tão importante, mas é!
Falam de suas vidas um campo de doação, porque pelo que vejo hoje, é a vontade de Deus.
Se um dia eu puder vos auxiliar, estarei disposto para tal, só dependo da permissão dos meus tutores agora, necessito apagar as faltas do passado, creio que a hora me é propícia.
Rezem por mim, e que eu um dia me torne digno de recomeçar a escrever minha história.
Obrigado!

Messias Trindade


Psicografia: Danilo Gustavo
Comunhão Espírita de Brasília
Grupo Meimei
(13.02.2016 - 18h) 

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